
Apuração jornalística revela que briga envolvendo familiares do prefeito Múcio Angelim começou após provocação e agressão a secretário municipal. Versões conflitantes indicam tentativa de politização do caso.
Uma confusão generalizada durante o intervalo do show do cantor Eric Land, na Festa de Julho em Parnamirim-PE, se tornou um dos assuntos mais comentados do município nos últimos dias. A repercussão nas redes sociais e blogs deu destaque a dois jovens que apareceram feridos após o tumulto. No entanto, uma apuração feita pelo revela que há outros elementos ignorados na versão amplamente divulgada, e que o episódio pode ter sido marcado por provocações, agressões físicas anteriores e até motivação política.
O caso ocorreu na noite do dia 28 de julho, quando os irmãos Paulo Henrique e Paulo Victor teriam ido urinar atrás de uma barraca onde estavam familiares do prefeito Múcio Angelim, incluindo o secretário de Administração, Lucrécio Angelim.
Segundo testemunhas ouvidas pela reportagem, Lucrécio apenas pediu que os jovens evitassem urinar naquele local, já que ele mesmo estava se dirigindo ao interior da barraca. A situação, que parecia corriqueira, tomou outro rumo quando os irmãos teriam iniciado uma série de xingamentos e insultos contra o secretário, com palavras de baixo calão — entre elas, “filho da p*” e “vá tomar no c*” — o que gerou desconforto entre os presentes.
O clima esquentou quando o filho de Lucrécio, Guilherme, se levantou para tentar apaziguar a situação, mas acabou sendo derrubado por um dos rapazes e agredido com socos e chutes no rosto, segundo as testemunhas. A partir daí, a confusão se espalhou e se tornou generalizada, envolvendo outras pessoas que tentaram separar ou reagiram diante da cena violenta.
O que não foi divulgado até então é que Guilherme, filho do secretário Lucrécio Angelim, foi brutalmente agredido, sofrendo lesões visíveis no rosto. Apesar disso, a cobertura inicial deu destaque apenas às lesões dos dois jovens, ignorando as agressões sofridas por membros da família do secretário.
Outra informação que chama atenção é a atuação do advogado dos jovens, Tárcio Pontes, que é conhecido na cidade por ter sido candidato a vice-prefeito na chapa adversária de Múcio Angelim nas últimas eleições. A presença de um ator político diretamente envolvido no caso levanta dúvidas sobre o uso do episódio como instrumento de ataque à gestão municipal.
Ausência de histórico de violência e tentativa de inversão narrativa
Diferentemente da narrativa que circulou inicialmente nas redes, a família do prefeito Múcio Angelim não possui histórico de envolvimento em brigas ou confusões públicas. Lucrécio, inclusive, é figura conhecida no município por seu trabalho técnico e postura conciliadora. A imagem de que os familiares do prefeito seriam “agressores gratuitos” entra em choque com os relatos apurados por nossa equipe, que indicam o contrário: a reação veio após provocação e agressão física sofrida por membros da família.
Gestão defende apuração justa e repudia uso político do caso
Mesmo diante da tentativa de exploração política do fato, a gestão municipal optou por manter uma postura de equilíbrio. Procurado por nossa reportagem, o prefeito Múcio Angelim lamentou o ocorrido, defendeu a apuração imparcial de todos os envolvidos e reiterou seu compromisso com a verdade e a legalidade.
“Nenhum cidadão está acima da lei. Confio na Justiça e acredito que os fatos serão apurados com seriedade. Repudio qualquer tipo de violência e também a tentativa de transformar um episódio isolado em ataque político”, declarou o prefeito.
A Prefeitura de Parnamirim informou que todos os envolvidos se colocaram à disposição para prestar esclarecimentos e reafirma que não haverá interferência política nas investigações.
Resumo dos fatos apurados:
Dois jovens urinaram atrás da barraca dos familiares do prefeito e foram orientados a se afastar pelo secretário de Administração.
Após o pedido, iniciaram uma série de agressões verbais contra o secretário Lucrécio.
Um dos jovens partiu para cima do filho do secretário, Guilherme, e iniciou a agressão física com chutes e socos.
A situação provocou uma reação generalizada entre as pessoas presentes.
Guilherme ficou com lesões graves no rosto, mas esse fato foi omitido da repercussão inicial.
A defesa dos jovens está sendo feita por um político adversário da atual gestão.
A família do prefeito não tem histórico de violência e repudiou a forma como os fatos foram distorcidos.
A gestão municipal defende apuração justa, sem favorecimentos.
A verdade precisa ser completa
Em um cenário político marcado por polarizações, é preciso cuidado para não transformar conflitos pontuais em ferramentas de desinformação ou de ataque eleitoral. A apuração feita por nossa equipe mostra que a versão inicialmente divulgada omitiu pontos importantes da história.
A cobertura de qualquer episódio de violência deve levar em consideração todos os lados, todas as vítimas e todas as versões. A justiça não pode se basear em vídeos recortados ou discursos políticos: precisa de verdade, imparcialidade e responsabilidade.